Foto Helene Santos |
Em meio ao cenário da pandemia da Covid-19, o Ceará também apresentou um aumento no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registrados desde março em relação ao ano passado. Enquanto em 2019, de 16 de março até 21 de outubro, foram notificados 22 ocorrências da doença, neste ano o número teve um crescimento de 553 casos, subindo para 575, segundo dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen).
As maiores ocorrências se concentraram nos meses de abril, maio e junho, com respectivamente 122, 238 e 77 casos. Apresentando uma queda gradual nos meses de julho e agosto, com 46 e 39 casos. Em setembro, foi registrado um aumento de 3 ocorrências, notificando 42 no mês, enquanto em outubro, até dia 21, foram registrados somente 11 casos. No mesmo período do ano anterior, as notificações variaram entre 3 e 2 casos.
A SRAG, considerada uma doença respiratória, pode ter como causas a infecção por influenza ou outros agentes virais. Conforme a infectologista Mônica Façanha, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), os pesquisadores costumavam associar os casos de SRAG principalmente ao vírus da Influenza H1N1 antes da chegada do SARS-CoV-2. Por ter causas variáveis, é preciso realizar testes a fim de confirmar a origem da SRAG.
Para a médica, a maior quantidade de casos registrados no começo da pandemia pode estar relacionada tanto ao alto número de ocorrências de Covid-19 no Estado, uma vez que se concentra nos meses de pico da doença; quanto ao reduzido acesso a testes.
“Naquela época nem tínhamos a quantidade grande de exames como hoje. É possível que parte daquelas pessoas não tinham acesso, não tenha sido identificado a Covid-19”, coloca.
A especialista também pondera a possibilidade de outros vírus estarem circulando e não terem sido buscados devido ao cenário da pandemia, em que os agentes sanitários e profissionais médicos estavam focados no novo coronavírus. “Ou porque a gente não tenha tecnologia ainda para encontrar”, acrescenta.
Exames
Ainda que nos dados da Arpen tenham uma categoria própria da Covid-19, Mônica acredita na possibilidade de nem todos os pacientes com a SRAG terem sido testados para a doença, principalmente no começo. A realização do exame fora da época ideal também pode ter interferido no resultado.
“Talvez seja um falso negativo, porque já não estava mais eliminando o vírus na secreção e não é notificado. É possível também que mesmo estando com o vírus, o exame naquele momento não tenha conseguido detectar, porque não detecta 100%”, explica.
Por isso, caso as notificações da Covid-19 voltem a subir, a infectologista acredita que tenha a chance de registrar o aumento também de SRAG. Alertando para os cuidados, principalmente em um período de eleições, reforça que o vírus segue circulando. “Mesmo que a gente tenha tido a redução de casos, não significa que estamos livres”, finaliza.
Com informações do Diário do Nordeste.