A cearense Mélany Freitas passou para a segunda fase do reality Mestre do Sabor, com prato inspirado em culinária nordestina e francesa - o tartare de atum com tapioca suflada. Após passar dois anos viajando pelo mundo, a cozinheira aprendeu a valorizar ainda mais a gastronomia do Nordeste e conseguiu encantar os chefs do programa. Na próxima etapa, “Na Pressão”, Mélany se une ao grupo formado por Avillez para a batalha dos chefs. O ganhador do Mestre do Sabor receberá um prêmio de R$ 250 mil.
Em entrevista ao O POVO, a cozinheira, carinhosamente apelidada de Mel Freitas, conta a sua trajetória gastronômica. Formada inicialmente em ciências biológicas, ela descobriu a paixão pela culinária, por influência da avó. Hoje, é dona de dois restaurantes cearenses: o Serafim, localizado em Jericoacoara, e o L’adelina, na praia do Preá. Confira a entrevista com Mel Freitas na íntegra:
O POVO - Nesta semana começa a segunda fase do Mestre do Sabor. Como participante, você acredita que essa etapa vai ser mais desafiadora? Qual é a sua expectativa?
MEL FREITAS - Sim, na primeira fase podemos escolher o prato para apresentar, com os ingredientes e técnicas que já conhecemos. Agora, será tudo novo. Somado a isso teremos a pressão de estar sob câmeras, o que será muito desafiador.
OP - Pelo programa, soubemos que você tem uma trajetória rica no ramo da gastronomia, e que isso veio depois de se formar e atuar em áreas completamente diferentes. Como foi para você passar por uma experiência tão radical, e, mais tarde, entrar para o Mestre do Sabor?
MEL - Sempre senti uma ligação forte com a cozinha e tinha muita vontade de me profissionalizar. Quando fiz vestibular, em 2003, não era comum um curso de Gastronomia. Quando falava da minha vontade de estudar gastronomia, sempre ouvia "Como assim? Vai estudar para ser cozinheira?" (risos). Na época, não era uma profissão valorizada como é hoje, então, cursei Ciências Biológicas. Mas paralelo a isso, fazia jantares para amigos, sem fins lucrativos, só por prazer mesmo. Me formei, fiz pós em Gestão Ambiental, e comecei a trabalhar como analista ambiental de grandes obras.
Certa vez, fui transferida para uma obra, ao lado do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Não pensei duas vezes, me matriculei em Gastronomia. Na metade do curso, só pensava em abrir meu restaurante. Pedi minhas contas, vendi tudo o que eu tinha no Rio de Janeiro e vim para “Jeri”. Dois meses depois abri o Serafim. Completamente inexperiente, senti que precisava de muito mais conhecimento. Então resolvi viajar para estudar mais e trabalhar em algumas cozinhas. Certamente, foi a melhor escolha da minha vida! Passei sete anos vivendo em função do restaurante. Em dezembro, recebi o convite para participar do programa. No início, pensei muito nos prós e contras, e decidi que era o momento de investir um pouco mais na minha carreira como cozinheira, e não apenas no restaurante.
OP - O prato que você preparou e te fez chegar na segunda fase foi o tartare de atum com tapioca suflada com pó de alga. Essa inspiração é nordestina, certo? Como você decidiu que iria apresentar esse prato no programa?
MEL - Decidi escolher um prato que representasse a minha trajetória como cozinheira. Fiz um tartar, prato francês. A França foi o primeiro país que fui para ganhar um pouco mais de experiência, logo, um marco para minha carreira. Utilizei atum, um peixe maravilhoso. Jeri está entre dois portos de atum, Acaraú e Itarema; para temperar o peixe, utilizei tucupi - nada mais brasileiro, né? - e rapadura preta, proveniente do nosso Estado. Utilizei também castanha de caju e pimenta de cheiro. Se tem algo que me faz lembrar do Nordeste, são estes dois ingredientes. Utilizei também o pó de alga para trazer umami e representar a produção de alga que temos em Flecheiras.
OP - Seus restaurantes também carregam essa característica regional?
MEL - Em Jericoacoara recebemos pessoas do mundo inteiro. Dessa forma, entendi a importância de apresentarmos "o que o Ceará tem", saindo dos pratos convencionais. Então, fazemos uma gastronomia mais contemporânea onde 80% dos nossos insumos são produzidos no Estado. Utilizamos desde os cogumelos da Serra de Guaramiranga, às algas de Flecheiras; desde o arroz "serrano" aos queijos de cabra de Paraipaba e os de búfala de Paracuru.
Já o L'adelina, localizado na Praia do Preá, foi uma homenagem à minha avó, responsável por me fazer apaixonar pela cozinha. É um restaurante onde fazíamos comida simples, livres de produtos químicos e agrotóxicos; utilizávamos forno à lenha, sabe, como os seus avós? Essa é a ideia. Hoje, devido à pandemia, os dois restaurantes estão fechados por tempo indeterminado.
OP - Depois de estagiar pelo mundo, o que mais dessa experiência você trouxe para os seus empreendimentos?
MEL - Acho que o mais importante que trouxe foi aprender a valorizar os nossos produtos, a nossa gastronomia. Na época em que estive fora, nas cozinhas que passei, ninguém falava sobre a gastronomia brasileira, a não ser a feijoada e a caipirinha. Hoje, vejo um movimento muito forte de cozinheiros valorizando o produto local - acho que essa é a parte mais importante.
Com informações do O Povo.
Em entrevista ao O POVO, a cozinheira, carinhosamente apelidada de Mel Freitas, conta a sua trajetória gastronômica. Formada inicialmente em ciências biológicas, ela descobriu a paixão pela culinária, por influência da avó. Hoje, é dona de dois restaurantes cearenses: o Serafim, localizado em Jericoacoara, e o L’adelina, na praia do Preá. Confira a entrevista com Mel Freitas na íntegra:
O POVO - Nesta semana começa a segunda fase do Mestre do Sabor. Como participante, você acredita que essa etapa vai ser mais desafiadora? Qual é a sua expectativa?
MEL FREITAS - Sim, na primeira fase podemos escolher o prato para apresentar, com os ingredientes e técnicas que já conhecemos. Agora, será tudo novo. Somado a isso teremos a pressão de estar sob câmeras, o que será muito desafiador.
OP - Pelo programa, soubemos que você tem uma trajetória rica no ramo da gastronomia, e que isso veio depois de se formar e atuar em áreas completamente diferentes. Como foi para você passar por uma experiência tão radical, e, mais tarde, entrar para o Mestre do Sabor?
MEL - Sempre senti uma ligação forte com a cozinha e tinha muita vontade de me profissionalizar. Quando fiz vestibular, em 2003, não era comum um curso de Gastronomia. Quando falava da minha vontade de estudar gastronomia, sempre ouvia "Como assim? Vai estudar para ser cozinheira?" (risos). Na época, não era uma profissão valorizada como é hoje, então, cursei Ciências Biológicas. Mas paralelo a isso, fazia jantares para amigos, sem fins lucrativos, só por prazer mesmo. Me formei, fiz pós em Gestão Ambiental, e comecei a trabalhar como analista ambiental de grandes obras.
Certa vez, fui transferida para uma obra, ao lado do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Não pensei duas vezes, me matriculei em Gastronomia. Na metade do curso, só pensava em abrir meu restaurante. Pedi minhas contas, vendi tudo o que eu tinha no Rio de Janeiro e vim para “Jeri”. Dois meses depois abri o Serafim. Completamente inexperiente, senti que precisava de muito mais conhecimento. Então resolvi viajar para estudar mais e trabalhar em algumas cozinhas. Certamente, foi a melhor escolha da minha vida! Passei sete anos vivendo em função do restaurante. Em dezembro, recebi o convite para participar do programa. No início, pensei muito nos prós e contras, e decidi que era o momento de investir um pouco mais na minha carreira como cozinheira, e não apenas no restaurante.
OP - O prato que você preparou e te fez chegar na segunda fase foi o tartare de atum com tapioca suflada com pó de alga. Essa inspiração é nordestina, certo? Como você decidiu que iria apresentar esse prato no programa?
MEL - Decidi escolher um prato que representasse a minha trajetória como cozinheira. Fiz um tartar, prato francês. A França foi o primeiro país que fui para ganhar um pouco mais de experiência, logo, um marco para minha carreira. Utilizei atum, um peixe maravilhoso. Jeri está entre dois portos de atum, Acaraú e Itarema; para temperar o peixe, utilizei tucupi - nada mais brasileiro, né? - e rapadura preta, proveniente do nosso Estado. Utilizei também castanha de caju e pimenta de cheiro. Se tem algo que me faz lembrar do Nordeste, são estes dois ingredientes. Utilizei também o pó de alga para trazer umami e representar a produção de alga que temos em Flecheiras.
OP - Seus restaurantes também carregam essa característica regional?
MEL - Em Jericoacoara recebemos pessoas do mundo inteiro. Dessa forma, entendi a importância de apresentarmos "o que o Ceará tem", saindo dos pratos convencionais. Então, fazemos uma gastronomia mais contemporânea onde 80% dos nossos insumos são produzidos no Estado. Utilizamos desde os cogumelos da Serra de Guaramiranga, às algas de Flecheiras; desde o arroz "serrano" aos queijos de cabra de Paraipaba e os de búfala de Paracuru.
Já o L'adelina, localizado na Praia do Preá, foi uma homenagem à minha avó, responsável por me fazer apaixonar pela cozinha. É um restaurante onde fazíamos comida simples, livres de produtos químicos e agrotóxicos; utilizávamos forno à lenha, sabe, como os seus avós? Essa é a ideia. Hoje, devido à pandemia, os dois restaurantes estão fechados por tempo indeterminado.
OP - Depois de estagiar pelo mundo, o que mais dessa experiência você trouxe para os seus empreendimentos?
MEL - Acho que o mais importante que trouxe foi aprender a valorizar os nossos produtos, a nossa gastronomia. Na época em que estive fora, nas cozinhas que passei, ninguém falava sobre a gastronomia brasileira, a não ser a feijoada e a caipirinha. Hoje, vejo um movimento muito forte de cozinheiros valorizando o produto local - acho que essa é a parte mais importante.
Com informações do O Povo.