quinta-feira, 16 de maio de 2019

Jovem autista se destaca nas atividades de curso no IFCE-Iguatu

Com a experiência adquirida, como diretora da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE e mãe do José Edval de Couras Neto, 25, mais conhecido como Val, Iêda Couras deixa uma mensagem para as mães que assim como ela têm filhos que possuem algum tipo delimitações e também contra o preconceito e a reação de pessoas que não têm conhecimento sobre o assunto.

“Eu fico muito feliz em poder divulgar o que está acontecendo na vida do Val, que isso possa fortalecer muitas famílias para que possam acreditar nos filhos. Porque às vezes as famílias não conseguem deixar seus filhos ir mais longe, porque simplesmente elas superprotegem, têm medo.

E o Val ter chegado ao curso de nível subsequente abre portas para muita gente. Isso é maravilhoso!”, comemora, empolgada com o desenvolvimento do filho recém-chegado no curso Técnico em Agropecuária, do Instituto Federal de Ciências e Educação, IFCE Campus de Iguatu. Val tem Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais conhecido popularmente como Autismo.

“Que boa essa oportunidade do Instituto Federal em está aberto para a inclusão. Que essa história chegue para muita gente, muitos lares, muitas famílias, para que de repente consiga tocar alguma mãe, que não estão criando essas oportunidades. Isso faz a diferença na vida dos filhos da gente”, complementa Iêda, afirmando que as mães não deixem se intimidar com o diagnóstico.

“Foi difícil para mim, porque somente aos 7 anos de idade que podemos compreender melhor o que Val tinha. Tentamos colocar desde cedo, aos 2 anos, na escola regular. Não deu certo inicialmente. Ele passou cerca de 3, 4 anos em casa. A partir dos 6, 7 anos, que passou a estudar. Foi muito difícil. Era uma experiência, que não sabíamos lidar. Hoje vendo ele assim é uma vitória muito grande. Muitas pessoas rotulam, chamam de coitadinhos. 

Nossos filhos não precisam de pena. Eles precisam de respeito. Ao longo dessa vida, cuidando de Val e de outras dezenas de crianças da APAE, vi que tudo é um aprendizado. As famílias sofrem muito. Mas tudo é aprendizado e resultado está aí”, comenta orgulhosa o bom desenvolvimento e aceitação que Val Couras tem recebido da turma e do instituto.

Grande aprendizado

Acompanhamos um dia de aula prática de Val no curso de agropecuária. Segundo o professor de zootecnia, Marcone Sampaio, inicialmente não sabia como iria reagir e repassar seus conhecimentos para o novo aluno da turma. “Inicialmente para mim foi assustador. Como é que vou trabalhar com Val dentro de um grupo de alunos que a gente exige determinado comportamento profissional? Me fiz essa pergunta. Depois tivemos reunião com todos os professores, com a mãe dele.

No início foi realmente muito difícil, não tinha como medir a minha ação frente a ele. Mas aos poucos a gente vai se entendendo, ele vai ensinando como é que a gente deve se comportar, trabalhar com ele. Na prática com animal, ele tinha rejeição. Hoje ele já consegue reagir bem tanto com as aulas práticas, pegando nos animais, interagindo com os outros alunos e professores. Foi uma grata surpresa.

A turma é muito carinhosa, compreensiva, isso ajuda bastante. Agora com ele vamos tentar conseguir mais coisas, avançar ainda mais”, comemora o professor.

Com informações do Jornal A Praça.