O milho, tão importante na alimentação do rebanho, outrora reclamado e disputado entre os criadores, agora se acumula nos armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no Ceará. O motivo é a retirada do subsídio do Governo e o consequente aumento de preço do grão.
A saca de 60 quilos era comercializada por R$ 33, mas sem o incentivo governamental subiu para R$ 48, ficando com valor próximo ao praticado no mercado. Outro agravante, segundo os produtores, é que o grão estocado nos armazéns da Conab é velho, da safra 2012/2013, e apresenta perda de qualidade do valor energético da proteína, além de forte odor por causa do uso de veneno para conservação. Os criadores desistiram de adquirir o produto, e as vendas caíram 70% em média. E a queda deve continuar.
Até setembro de 2018, criadores enfrentavam filas, passavam a noite em frente aos armazéns da Conab para conseguirem comprar milho. O estoque não atendia à demanda.
Agora ninguém quer mais o produto, dizem os produtores. Quem mora em cidades mais distantes dos armazéns da Conab tem que pagar frete para o transporte do produto, inviabilizando o preço. Foi o que aconteceu com o criador Sebastião Rodrigues Teixeira, morador do sítio Patrimônio, zona rural de Acopiara.
O produtor rural conta que pretendia comprar 80 sacas do grão, mas quando calculou o custo do frete, desistiu. "Não compensa e sai mais caro do que o milho vendido no mercado", disse. O presidente da Associação dos Criadores de Iguatu, Vandeilton Sucupira, observou que o preço praticado atualmente está mais caro do que no comércio local. "É um milho velho, com mais de cinco anos em estoque, sem o teor de proteína adequado", pontuou. "Ele perdeu grande parte dos nutrientes e está quase para ser descartado", acrescenta.
O Programa Vendas em Balcão (ProVB) tem por objetivo viabilizar o acesso de criadores rurais de pequeno porte de animais aos estoques de produtos agrícolas sob gestão da Conab, por meio da venda direta, a preços compatíveis com os praticados nos mercados atacadistas locais. O programa também deveria contribuir para a renovação constante dos estoques, reduzindo a depreciação comercial dos grãos. Entretanto, no fim de outubro de 2018, o Governo decidiu cancelar o incentivo (subsídio) ao produto, e o valor de preço passou a ter aumento quinzenal. Nos primeiros 15 dias de novembro passado a saca de 60 kg saía por R$ 33. No início de janeiro chegou a R$ 44,22. No início deste mês foi majorado para R$ 45,60 e para esta segunda quinzena de fevereiro o preço tabelado é de R$ 48.
"Desse jeito, em março, vai ficar mais caro do que um milho novo, no comércio local, que é de R$ 52", reclamou Sucupira. "O problema não é apenas o preço, mas a qualidade que é ruim, pois a semente é um ser vivo, tem embrião, que consome a energia do próprio grão, e com o decorrer do tempo, perde parte de nutrientes". O produtor rural Francisco Rodrigues, do município de Catarina, distante quase 100 km de Iguatu, foi outro que desistiu da compra do milho estocado na Conab. "Dei viagem perdida, não sabia que estava desse preço e vi que é um milho ruim, que fede de tanto veneno para conservar", desabafou.
O presidente do Sindicato Rural de Quixadá, Cirilo Vidal, reconheceu que o preço elevado da saca do grão inviabiliza a comercialização. "Vamos procurar a bancada federal, o Ministério da Agricultura e solicitar a volta do subsídio", frisou.
Pontos
A Conab no Ceará tem armazéns em Iguatu, Russas, Sobral, Maracanaú, Crateús, Icó, Juazeiro do Norte e um posto avançado em Tauá.
A unidade de Iguatu, na região Centro-Sul do Estado, atende os produtores cadastrados no Programa das cidades de Acopiara, Cariús, Catarina, Cedro, Jucás, Quixelô e Saboeiro. Em Iguatu, há dois armazéns com capacidade para estocar três milhões de quilos. Eles estão com estoque de um milhão de quilos e devem receber, em breve, mais 200 toneladas do grão.
A reportagem entrou em contato com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no entanto, até o fechamento desta matéria, não obteve respostas. Com informações do Diário do Nordeste.
A saca de 60 quilos era comercializada por R$ 33, mas sem o incentivo governamental subiu para R$ 48, ficando com valor próximo ao praticado no mercado. Outro agravante, segundo os produtores, é que o grão estocado nos armazéns da Conab é velho, da safra 2012/2013, e apresenta perda de qualidade do valor energético da proteína, além de forte odor por causa do uso de veneno para conservação. Os criadores desistiram de adquirir o produto, e as vendas caíram 70% em média. E a queda deve continuar.
Até setembro de 2018, criadores enfrentavam filas, passavam a noite em frente aos armazéns da Conab para conseguirem comprar milho. O estoque não atendia à demanda.
Agora ninguém quer mais o produto, dizem os produtores. Quem mora em cidades mais distantes dos armazéns da Conab tem que pagar frete para o transporte do produto, inviabilizando o preço. Foi o que aconteceu com o criador Sebastião Rodrigues Teixeira, morador do sítio Patrimônio, zona rural de Acopiara.
O produtor rural conta que pretendia comprar 80 sacas do grão, mas quando calculou o custo do frete, desistiu. "Não compensa e sai mais caro do que o milho vendido no mercado", disse. O presidente da Associação dos Criadores de Iguatu, Vandeilton Sucupira, observou que o preço praticado atualmente está mais caro do que no comércio local. "É um milho velho, com mais de cinco anos em estoque, sem o teor de proteína adequado", pontuou. "Ele perdeu grande parte dos nutrientes e está quase para ser descartado", acrescenta.
O Programa Vendas em Balcão (ProVB) tem por objetivo viabilizar o acesso de criadores rurais de pequeno porte de animais aos estoques de produtos agrícolas sob gestão da Conab, por meio da venda direta, a preços compatíveis com os praticados nos mercados atacadistas locais. O programa também deveria contribuir para a renovação constante dos estoques, reduzindo a depreciação comercial dos grãos. Entretanto, no fim de outubro de 2018, o Governo decidiu cancelar o incentivo (subsídio) ao produto, e o valor de preço passou a ter aumento quinzenal. Nos primeiros 15 dias de novembro passado a saca de 60 kg saía por R$ 33. No início de janeiro chegou a R$ 44,22. No início deste mês foi majorado para R$ 45,60 e para esta segunda quinzena de fevereiro o preço tabelado é de R$ 48.
"Desse jeito, em março, vai ficar mais caro do que um milho novo, no comércio local, que é de R$ 52", reclamou Sucupira. "O problema não é apenas o preço, mas a qualidade que é ruim, pois a semente é um ser vivo, tem embrião, que consome a energia do próprio grão, e com o decorrer do tempo, perde parte de nutrientes". O produtor rural Francisco Rodrigues, do município de Catarina, distante quase 100 km de Iguatu, foi outro que desistiu da compra do milho estocado na Conab. "Dei viagem perdida, não sabia que estava desse preço e vi que é um milho ruim, que fede de tanto veneno para conservar", desabafou.
O presidente do Sindicato Rural de Quixadá, Cirilo Vidal, reconheceu que o preço elevado da saca do grão inviabiliza a comercialização. "Vamos procurar a bancada federal, o Ministério da Agricultura e solicitar a volta do subsídio", frisou.
Pontos
A Conab no Ceará tem armazéns em Iguatu, Russas, Sobral, Maracanaú, Crateús, Icó, Juazeiro do Norte e um posto avançado em Tauá.
A unidade de Iguatu, na região Centro-Sul do Estado, atende os produtores cadastrados no Programa das cidades de Acopiara, Cariús, Catarina, Cedro, Jucás, Quixelô e Saboeiro. Em Iguatu, há dois armazéns com capacidade para estocar três milhões de quilos. Eles estão com estoque de um milhão de quilos e devem receber, em breve, mais 200 toneladas do grão.
A reportagem entrou em contato com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no entanto, até o fechamento desta matéria, não obteve respostas. Com informações do Diário do Nordeste.