quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Um em cada três atendidos no IJF é vítima de acidente de trânsito

Uma pessoa morre a cada 79 acidentes de trânsito registrados em Fortaleza. Somente em 2017, foram 256 óbitos e mais de 15 mil pessoas ficaram feridas nas ocorrências. Os números constam no Relatório Anual de Segurança Viária 2017, divulgado ontem pela Prefeitura de Fortaleza, e se unem a outro dado para alertar sobre urgência de atentar à segurança viária na Capital como problema de saúde pública - a cada três pacientes atendidos no Instituto Dr. José Frota (IJF) em fins de semana, um é vítima de trânsito.

Os acidentes, aliás, estão entre as dez mais frequentes causas de morte em Fortaleza, superando os óbitos por arboviroses. Entre 2004 e 2017, conforme o relatório, mais de 4.700 pessoas morreram no trânsito na cidade, o equivalente à queda de 20 boeings lotados. "Muitas vezes, os leitos de hospitais públicos ficam ocupados por essas vítimas; então, atacar esse problema de mobilidade urbana é uma grande política de saúde", avalia o secretário executivo de Conservação e Serviços Públicos, Luiz Alberto Saboia.

Reincidentes

No IJF, cerca de 28% dos pacientes de trânsito são reincidentes, e, dentre eles, 73% são motociclistas - público que mais morre e mais mata nas vias públicas da cidade. No ano passado, de acordo com dados do relatório, 38,1% dos 1.613 atropelamentos foram causados por motociclistas. Os pilotos representaram, ao mesmo tempo, 56,9% das vítimas feridas e 44,9% das fatais em acidentes de trânsito gerais em Fortaleza.

O prefeito Roberto Cláudio ratificou que "a maior causa de internações em hospitais de urgência e emergência é o trânsito", e apontou ainda a corresponsabilidade entre sociedade e poder público na resolução do problema. "Existem três pontos difíceis de serem mudados: o uso do capacete por motociclistas, que é salvador; o hábito cultural de associar álcool e drogas à direção, que induz a um comportamento óbvio de risco e torna o veículo uma arma; e a redução de velocidade nas vias mais perigosas", ressalta.

Esta medida, aliás, foi apontada como importante para uma melhoria do cenário viário da Capital. De acordo com as estatísticas, o número de vítimas feridas no trânsito caiu 15% em um ano: ao todo, 18.295 pessoas se feriram em acidentes em 2016, contra 15.522 vítimas registradas no ano passado. A quantidade de óbitos também diminuiu, conforme o relatório: em 2016, foram 281 mortos no trânsito, caindo para 256 em 2017, uma redução de 9%.

Durante abertura da Semana de Mobilidade na Capital, o prefeito destacou como fundamentais para a redução dos acidentes as mudanças na engenharia de tráfego da cidade, os projetos educativos e o reforço na fiscalização - esta frisada pelo chefe de operações da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), Disraelli Brasil. "Queremos zerar os acidentes, mas isso depende de uma força conjunta. Além de reforço nas sinalizações, mudança de sentido de vias, implantação de faixas de pedestre e semáforos e trabalho educacional, é necessária uma fiscalização ostensiva. Não existe educação sem isso".

Ações

Como parte da programação da Semana de Mobilidade, está prevista a conclusão de intervenções viárias - novos semáforos, extensão de calçadas, novas sinalizações - na Avenida Osório de Paiva, que registrou 129 mortes na última década. As medidas foram adotadas na Av. Leste Oeste, no início de 2018, e, de acordo com a AMC, reduziram em 63% os atropelamentos e em 54% os acidentes com vítimas.

Conforme o titular executivo da SCSP, o Centro da cidade também passará por mudanças, em até dois meses, para priorizar o uso das vias por pedestres e pelo transporte público coletivo. A Avenida Augusto dos Anjos, paralela à Osório de Paiva, será a próxima a receber as mudanças, informou a AMC.

Calçadas

Outra medida de segurança viária em elaboração pela Prefeitura é o Caderno de Boas Práticas de Calçadas, documento que deve "orientar a população sobre a melhor forma de adaptar e manter as calçadas para uso coletivo". O material será disponibilizado para contribuição popular, com o intuito de sanar um problema onipresente na Capital: a falta de padronização dos passeios. Com informações do Diário do Nordeste.