quarta-feira, 13 de junho de 2018

Veneno de cascavel pode ajudar a queimar calorias, diz estudo em ratos

Uma substância isolada do veneno da cascavel -- a crotamina -- reduziu o peso e aumentou o metabolismo de ratos em um período de21 dias, diz estudo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) publicado recentemente no "Scientific Reports" (revista do grupo "Nature"). A terapia diminuiu a gordura branca e aumentou a chamada gordura marrom -- um tipo específico de tecido adiposo que ajuda a queimar calorias.

Não é a primeira vez que pesquisadores brasileiros realizam estudos com o veneno da cascavel. Uma outra pesquisa, feita no Instituto Butantan em São Paulo, mostrou o potencial da substância no tratamento do câncer de pele. Cientistas observaram que, na dose certa, a proteína consegue distinguir células cancerosas das saudáveis e funcionar como uma espécie de tratamento-alvo para esse tipo de câncer específicamente.

Dessa vez, no estudo que teve como primeiro autor Marcelo Marinovic, pesquisador do Departamento de Farmacologia da Unifesp, os pesquisadores viram que a crotamina acelera a produção da gordura marrom e induz a perda de peso.

Os pesquisadores decidiram estudar esse potencial da substância porque os estudos anteriores em câncer de pele relataram que os animais também haviam passado por emagrecimento.

O que eles viram dessa vez é que a crotamina atua diretamente em moléculas que vão formar a gordura (os préadipócitos) -- fazendo, de algum modo, com que essa molécula se transforme em gordura marrom em vez de branca.

A gordura marrom

O tecido adiposo marrom queima mais rapidamente que o branco porque sua principal função é produzir calor para esquentar o organismo. Já a gordura branca, é feita para ficar armazenada e só queimar em condições mais adversas -- como a ausência de alimento.

Os pesquisadores perceberam a perda de peso nas cobaias a partir do 14º dia de tratamento, diminuição que se manteve até o dia 21.

Outro ponto observado pelos cientistas é que o composto aumenta a sensibilidade à insulina, o que indica que a droga pode ter um impacto positivo em doenças como diabetes. O medicamento também diminuiu os níveis de gordura no sangue, fator que pode ser explorado em pesquisas com colesterol.

O próximo passo da pesquisa é estudar o efeito da cromatina em mais cobaias e, potencialmente, em humanos. Cientistas também planejam estudar mais detalhadamente os mecanismos fisiológicos pelos quais a cromatina transforma a gordura marrom em branca. Com informações do G1.