sábado, 2 de junho de 2018

Entre religiosos, Michel Temer comemora fim da greve dos caminhoneiros


Após um tênue alívio causado pelo fim das paralisações de caminhoneiros, mas pressionado pelo avanço das investigações sobre o chamado Decreto dos Portos, o presidente da República, Michel Temer (MDB), pediu orações para ele e seu governo em evento que reuniu pastores da Igreja Assembleia de Deus de todo País, na cidade de Brasília.

Para o emedebista, o acordo com os caminhoneiros só foi possível "graças ao diálogo". Temer participou ontem da Assembleia Geral Extraordinária da Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil (Conamad), com o pré-candidato de seu partido à Presidência da República, Henrique Meirelles.

"Encerramos a greve dos caminhoneiros por meio de uma atitude minha que, muitas vezes, tem sido criticada, que é o diálogo", disse o presidente.

"Nós usamos o diálogo e a palavra. Chamamos as lideranças e, conectados com os estados, os governadores, e com a população, conseguimos chegar a um bom termo."

Em seguida, Temer acrescentou que: "Peço que orem por mim e pelo governo. Estarão orando pelo País".

Ao lamentar a morte de um caminhoneiro atingido por uma pedra em Rondônia, o presidente ressaltou que a negociação foi pacífica com a categoria, que deflagrou a paralisação no último dia 21.

"Não houve violência por parte do Estado. Quando o diálogo começou a faltar, chamei as forças federais para pacificar o País. A única morte que houve foi por questões políticas, alguém atirou um tijolo e atingiu um caminhoneiro", disse.

'Dias difíceis'

"Os dias na Presidência não são fáceis", desabafou Temer, durante o mesmo evento religioso.

Ontem, dois dos principais jornais do País informaram que a Polícia Federal (PF) encontrou o que considera ser a primeira prova financeira que liga o coronel João Baptista Lima, amigo do presidente Michel Temer e apontado como seu operador, à empresa Rodrimar, que atua no porto de Santos e é investigada por ter, supostamente, sido favorecida na edição de um decreto presidencial em troca de pagamentos ao emedebista. Segundo a investigação, que tem Temer como principal alvo, o funcionário do coronel Lima, Almir Martins era também o responsável por um contrato que a Rodrimar mantinha com o braço de uma offshore do Uruguai no Brasil, a Eliland. A hipótese da PF é a de que Martins seria um laranja do coronel. Contador da Argeplan, empresa de Lima, ele foi o responsável por assinar as contas da campanha de Temer à deputado federal em 1994.

Ele também atuou como contador nas campanhas de Temer de 1998, 2002 e 2006.

Em depoimento aos investigadores em 18 de maio, Martins disse que se tornou gerente da Eliland para administrar apenas o contrato da Rodrimar. A empresa atua no porto de Santos, conhecido como reduto de influência política de Temer.

Martins foi um dos alvos da Operação Skala, que mirou empresários ligados a Temer a amigos dele, como o coronel Lima, que chegou a ser preso. Na avaliação dos investigadores, há indícios fortes de que o Decreto dos Portos, assinado por Temer no ano passado, beneficiou empresas do porto de Santos, como a Rodrimar, em troca de pagamento ao peemedebista. Há cerca de um mês, o Supremo Tribunal Federal (STF) atendeu o pedido da PF e prorrogou o tempo de investigação do inquérito dos portos por mais 60 dias.