quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Testemunha diz que fez documento de venda de sítio para Lula

Foto: (Nelson Almeida/AFP e Reprodução/TV Globo)

O escrevente João Nicola Rizzi afirmou, nesta quarta (21), que chegou a preparar duas minutas de transferência do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), uma no nome de Jonas Leite Suassuna e outra no nome de Fernando Bittar, e que os documentos teriam como compradores ou ex-presidente Lula ou a ex-primeira dama, já falecida, Marisa Letícia. A informação é do G1.

João Rizzi prestou depoimento como testemunha de acusação em uma ação da Lava Jato sobre o sítio.

Nesta ação penal, o ex-presidente é acusado de receber reformas no sítio como propina. Jonas Suassuna e Fernando Bittar são sócios do filho do ex-presidente, Fábio Luis Lula da Silva.

As minutas, segundo Rizzi, datadas em 2016, foram elaboradas a pedido do advogado Roberto Teixeira, e os dados dos compradores foram deixados em branco, a pedido do advogado. Ainda de acordo com o escrevente, as escrituras não foram formalizadas.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Lula recebeu propina proveniente de seis contratos firmados entre a Petrobras e a Odebrecht e a OAS. Conforme a denúncia, as melhorias no Sítio Santa Bárbara totalizaram R$ 1,02 milhão.

O ex-presidente foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em maio de 2017 e se tornou réu na ação em agosto.
Lula nega as acusações e diz não ser o dono do imóvel  (Foto: Leonardo Benassatto/Reuters)
Lula nega as acusações e diz não ser o dono do imóvel, que está no nome de sócios de um dos filhos do ex-presidente. O ex-presidente afirma que todos os bens que pertencem a ele estão declarados à Receita Federal.

Entenda a denúncia

A acusação trata do pagamento de propina de pelo menos R$ 128 milhões pela Odebrecht e de outros R$ 27 milhões por parte da OAS. Conforme a denúncia, Lula foi beneficiado com parte desse dinheiro, por meio de obras realizadas no sítio em Atibaia.

As obras, conforme a denúncia, serviram para adequar o imóvel às necessidades do ex-presidente. Segundo o MPF, a Odebrecht e a OAS custearam R$ 850 mil em reformas na propriedade. As duas empreiteiras foram beneficiadas em pelo menos sete contratos, conforme os procuradores.

O MPF diz que Lula ajudou as empreiteiras ao manter nos cargos os ex-executivos da Petrobras Renato Duque, Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada, Nestor Cerveró e Pedro Barusco, que comandaram boa parte dos esquemas fraudulentos entre empreiteiras e a estatal, descobertos pela Lava Jato. Todos já foram condenados em ações penais anteriores.