sábado, 22 de abril de 2017

Chacina deixa nove sem-terra mortos no Mato Grosso

Acesso ao local da chacina é dificultado por conta de alagamentos REPRODUÇÃO/INTERNET
Acesso ao local da chacina é dificultado por conta de alagamentos REPRODUÇÃO/INTERNET

Nove sem-terra foram assassinados em Colniza, a 1.018 km de Cuiabá, em uma disputa por terras, segundo a Polícia Civil. O crime aconteceu no Distrito Taquaraçu do Norte e a suspeita é de que os autores sejam capangas de fazendeiros da região. Cem famílias moram em um assentamento na área. O número de vítimas da chacina de quinta, 20, no entanto, pode ser maior. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) afirma que o número de mortos é de ao menos dez, Entre as vítimas há crianças e idosos, segundo a entidade ligada à Igreja Católica.

De acordo com informações da Polícia Civil, as mortes aconteceram quando um grupo de homens encapuzados invadiu a área e começou a atirar. Inicialmente, eles dispararam do lado de fora do assentamento. Em seguida, teriam ido às barracas e atirado em quem encontrassem pela frente. As informações foram repassadas à polícia por dois homens que conseguiram fugir do local.

O governo mato-grossense afirmou que montou uma força-tarefa especial para investigar o caso. Três peritos foram enviados ontem para o local. Policiais militares e civis já estão na região desde quinta. O local da chacina é de difícil acesso, o que pode explicar o desencontro de informações. As estradas estão alagadas e em alguns pontos só é possível atravessar de barco. Além disso, a região não tem sinal de telefonia celular.

A CPT afirmou, em nota, que a região já registra conflitos agrários. "Outros assassinatos e agressões já ocorreram no local Investigações da Polícia Civil, feitas há dois anos, apontaram que os gerentes das fazendas na região comandavam uma rede de capangas altamente armados que usavam do terror para que a área fosse desocupada pelos pequenos produtores", disse a entidade.

Conflitos antigosEm 2014, Josias Paulino de Castro, presidente da Associação de Produtores Rurais Nova União, e sua mulher, Ireni da Silva Castro, também foram assassinados na região. Os corpos foram encontrados com marcas de tiro de 9 mm, arma de uso restrito. O casal pretendia apresentar denúncias à Ouvidoria Agrária Nacional e foram vítimas de uma emboscada. Em 2011, 700 famílias foram expulsas da mesma área.

Dados divulgados pela CPT nesta semana apontam que atualmente 6.601 famílias moram em áreas de conflitos no Mato Grosso - o maior número em todo o Centro-Oeste e o sexto maior no País.

A Federação dos Trabalhadores da Agricultura, por meio de nota, lamentou "o agravamento do clima de tensão na região" e cobrou providências das autoridades de segurança. Procurado pela reportagem, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) não comentou o caso até o fechamento desta edição.



Fonte Agência Estado