quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

90% dos casos de AVC poderiam ser evitados

Um dos sintomas do AVC é fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo ( Foto: Divulgação )


Embora seja uma doença considerada silenciosa, especialistas afirmam que 90% dos casos de AVC (Acidente Vascular Cerebral) poderiam ser evitados. O desconhecimento dos sinais da doença pelo público constitui o principal entrave para garantir maiores chances de êxito no tratamento, que só serão realidade quando a população e os serviços de emergência forem conscientizados da necessidade de se identificar rapidamente os sintomas e sinas do AVC, como acontece no infarto agudo do miocárdio, por exemplo.

Os números ligados ao AVC são alarmantes: a cada dois segundos alguém sofre um AVC no mundo. A doença, que acomete 16 milhões de pessoas por ano ao redor do globo, é uma das principais causas de morte no planeta, com mais de 6 milhões de óbitos anuais, e também no Brasil, com 68 mil mortes por ano, segundo dados do Ministério da Saúde.

Além disso, representa a primeira causa de incapacidade no País, o que gera grande impacto econômico e social, segundo dados da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares. Hoje aproximadamente 70% das pessoas não retornam ao trabalho após um AVC devido às sequelas e 50% ficam dependentes.

Existem 2 tipos de AVC, o isquêmico, que representa 80% dos casos e o hemorrágico, que acomete 20% das vítimas com alto índice de mortalidade.

Existem ainda fatores que podem facilitar o desencadeamento de um Acidente Vascular Cerebral, como o envelhecimento. Pessoas com mais de 55 anos possuem maior propensão a desenvolver o AVC, assim como indivíduos da raça negra com história familiar de doenças cardiovasculares.

AVC é uma emergência médica

Enquanto novas terapias oferecem a possibilidade de prognósticos mais positivos para os pacientes com AVC, o desconhecimento dos sinais desta doença pelo público representa o principal entrave para garantir maiores chances de êxito. O tratamento precoce do AVC na fase aguda é considerado essencial, mas só pode alcançar sucesso se a população e os serviços de emergência forem conscientizados da necessidade de se identificar rapidamente os sintomas e sinas do AVC, como acontece no infarto agudo do miocárdio.

Vale alertar que o protocolo de atendimento ao AVC é extremamente importante, pois o tempo é decisivo para um prognóstico positivo, para ambos os tipos da doença; no caso do isquêmico, que é o mais comum, o tratamento medicamentoso deve ser ministrado em até quatro horas e meia após os primeiros sintomas e, por intervenção cirúrgica endovascular, a janela de tempo para o tratamento é mais prolongada, chegando a 8 horas após o início dos sintomas. O tempo até o atendimento é que vai determinar as sequelas, e consequentemente, a qualidade de vida do paciente após o AVC.

Infelizmente, a maioria dos pacientes não chega ao hospital em tempo. De qualquer modo, todo paciente deve ser encaminhado ao hospital o mais rapidamente possível, para receber tratamento apropriado. Os procedimentos diagnósticos realizados no hospital são fundamentais para diferenciar o Acidente Vascular Cerebral de outras doenças igualmente graves e com sintomas semelhantes.

Tratamentos

Até 2014, o tratamento do AVC isquêmico era feito quase que exclusivamente com trombolíticos, medicamentos capazes de dissolver o coágulo ou trombo e restabelecer o fluxo sanguíneo no cérebro na maioria dos casos, desde que ministrados até 4,5 horas após o início dos sintomas. A trombectomia mecânica – procedimento endovascular que visa a retirada do trombo por meio de cateter – e a terapia combinada eram até então consideradas terapias alternativas, pois a real eficácia destas estratégias ainda permanecia desconhecida.

O ano de 2015 foi um divisor de águas para o tratamento do AVC, pois foi um período marcado pela publicação de diversos estudos científicos que representaram um verdadeiro avanço nos cuidados com vítimas de AVC isquêmico, ao comprovar a segurança e eficácia da trombectomia mecânica com boa evidência científica, sólida e randomizada de que o procedimento beneficia os pacientes, reduzindo sequelas, mortalidade e aumentando a taxa de independência funcional.

Melhores resultados

Para que o tratamento do AVC alcance os melhores resultados, o paciente deve ser atendido por uma equipe multidisciplinar treinada e coordenada por um médico neurologista com experiência em AVC. Esse serviço deve funcionar vinte e quatro horas por dia durante os sete dias da semana. Esse centro deve possuir laboratório de emergência, serviço de tomografia computadorizada ou ressonância magnética e um apoio de uma unidade de tratamento intensivo (UTI).

Nessas circunstâncias, ou seja, o atendimento em centros de AVC oferece melhores resultados pois o uso sobretudo das novas técnicas de tratamento na fase aguda requer rigorosos protocolos de segurança. É fundamental que as autoridades de saúde e diretores de hospital onde se atende AVC formem equipes para organização do tratamento.
Saiba os sinais de alertas do AVC:

Muitos sintomas são comuns aos dois tipos de AVC, como:

1) Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo

2) Confusão, alteração da fala ou compreensão

3) Alteração na visão (em um ou ambos os olhos)

4) Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar

5) Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente
Fatores de risco:

1) Hipertensão;

2) Diabetes;

3) Tabagismo;

4) Consumo frequente de álcool e drogas;

5) Estresse;

6) Colesterol elevado;

7) Doenças cardiovasculares, sobretudo as que produzem arritmias;

8) Sedentarismo;

9) Doenças hematológicas.



Fonte Diário do Nordeste