Parentes de algumas das vítimas da chacina ainda não sabiam que a Justiça havia decretado a prisão dos policiais acusados das 11 mortes. Procuradas pela reportagem, mães de dois dos adolescentes que não tinham antecedentes criminais e foram executados sumariamente, revelaram esperança de que os autores sejam punidos.
Edna Souza, mãe de Álef, um dos nove adolescentes mortos na chacina, afirmou que a prisão preventiva dos policiais "não é motivo para baixar a cabeça". "Eles saíram matando quem viram pela frente. Espero que eles sejam condenados e presos, como qualquer outro bandido. E sejam afastados da Polícia. A gente sabe que não vai trazer meu filho de volta, mas eu ficarei mais feliz por isso", afirmou. "Espero que esses covardes jamais passem pelo que nós passamos que é a dor de perder um filho. É muito duro você acordar e não ver seu filho, não poder abraçá-lo e vê-lo dizer que te ama", completou a mãe emocionada.
Francisca Pinho, mãe de Patrício - o mais jovem dentre as vítimas -, partilha com Edna da opinião que a prisão dos acusados seja a única forma de diminuir a sua dor. "Eles têm que ser presos. Porque tiraram a vida de inocentes e acabaram com muitas famílias. Só assim vai aliviar mais meu coração", pontuou a mulher. "Nós gostávamos muito dele. Eu tive que sair da minha casa porque não estava mais aguentando. O meu filho era minha vida", disse.
O defensor público Delano Benevides, que acompanha a família das vítimas em nome da Defensoria Geral do Estado, disse que na próxima semana haverá uma reunião com os parentes para informar sobre essa decisão da Justiça e para continuar o trabalho de auxílio. "A ação penal está correndo, apesar de sabermos que é um processo de altíssima complexidade com mais de 40 acusados, mas as famílias das vítimas estavam em segundo plano. É aí que estamos atuando, com um atendimento multidisciplinar", disse.
Na manhã de hoje, o procurador-geral de Justiça Plácido Barroso Rios juntamente com os promotores de Justiça que compõem a equipe do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e do grupo especial criado pelo MPCE para investigar o caso que ficou conhecido como "Chacina da Messejana" concedem, hoje, às 9 horas, entrevista coletiva na qual serão dados mais detalhes sobre a investigação.
Fonte Diário do Nordeste