Iguatu. Ruas praticamente vazias, lojas com reduzido número de consumidores e mais de 40 imóveis comerciais fechados no Centro comercial desta cidade-polo da região Centro-Sul do Ceará. Esse é o reflexo da crise econômica que vem se agravando desde o ano passado. Empresários locais reclamam da queda nas vendas e, nos últimos meses, houve aumento no número de demissões de comerciários. Esta cidade tem dependência da atividade comercial, pois nas últimas três décadas o setor agrícola sofreu impacto com o fim do ciclo da cultura do algodão e, posteriormente, do arroz. Nos últimos cinco anos, houve também uma queda da pecuária de corte e de leite, em decorrência do aumento do preço dos insumos.
Aumento
A economia local passou a ter forte dependência da atividade comercial. Na atual década, houve uma expansão do varejo, mas, desde o ano passado, o setor amarga restrição. Um reflexo dessa crise é o número de imóveis fechados no Centro, que vem aumentando desde o início deste ano. Segundo levantamento da Associação Comercial, Agrícola e Industrial de Iguatu (Aciag), há 46 imóveis comerciais, 17 casas e 16 apartamentos fechados, disponíveis para alugar, no centro comercial. Em cada rua, há placas "aluga-se". "Faço um acompanhamento trimestral e observo que é crescente o número de imóveis disponíveis para alugar e de lojas que encerram suas atividades", frisou Gilvânio Oliveira de Araújo, presidente da Aciag.
Recentemente, a loja Esplanada encerrou suas atividades, depois de mais de 30 anos de atividades atraindo consumidores da região. "Outras lojas vão fechar se a crise atual perdurar por mais tempo", prevê Gilvânio Araújo. Mediante a queixa dos lojistas e o quadro de dificuldades, essa é uma tendência que deve se confirmar.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), José Mota Luciano (Dedé Duquesa), lamentou o quadro crescente de desemprego no setor comercial: "Até bem pouco tempo o cenário era de otimismo, de boas vendas, mercado aquecido, mas agora a situação inverteu-se".
Descapitalizados
Nas lojas, a reclamação da queda nas vendas é geral. "A gente passa o dia assim, só conversando, sem vender quase nada", disse a comerciária Neide Oliveira. "Na primeira semana de cada mês e no sábado ainda há algum movimento, mas nos outros dias é muito parado", completou.
Os lojistas investem em promoções, oferecem descontos, mas, mesmo assim, não atraem os consumidores. "Estamos enfrentando um quadro adverso", disse o presidente do Sindicato dos Lojistas, Tadeu Rolim. "Esperamos que a situação do Pais melhores", finalizou.
Para manter-se no mercado, há muitas dificuldades. Sem capital, os pequenos lojistas encerram suas atividades. Os alugueis estão com preços elevados, embora já haja uma tendência de estabilização ou mesmo de redução dos preços.
O setor de material de construção, que estava aquecido, também vem sofrendo queda nas vendas. "É triste ver um empresário investir, acreditar nos negócios, mas fechar suas portas com prejuízo por causa da crise", observa o estudante de Economia da Universidade Regional do Cariri (Urca), Lucas Rodrigues.
Mais informações:
Câmara de Dirigentes Lojistas de Iguatu
Telefone: (88) 3581- 1697
Associação Comercial de Iguatu
Telefone: (88) 3581- 1404
Fonte Diário do Nordeste
