domingo, 29 de maio de 2016

Qualidade da água dos açudes está comprometida

Profissionais da Cogerh fazendo coleta de água para análise no Açude Lima Campos (Foto: Honório Barbosa)


Dos 98 reservatórios monitorados para fins de análise de qualidade das águas interiores pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), 81 apresentam índices de poluição considerados elevados, 16 medianos e apenas um (Açude Tatajuba, em Icó) mostra nível limpo. Os dados são do portal hidrológico da Cogerh e têm por base a análise de composição química da água.

O elevado índice de poluição dos reservatórios (açudes e rios) é preocupante, pois são fontes de água para o abastecimento humano de moradores dos centros urbanos e áreas rurais. "Essa situação exige atenção dos governantes, ações preventivas e mais investimentos para o adequado tratamento da água", observa a professora Sandra Santaella, do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Agravamento

A docente do Labomar observa que depois de cinco anos seguidos de estiagem, sem recarga dos reservatórios, houve maior concentração dos poluentes. "A chuva contribui para carrear os nutrientes para os reservatórios, mas a falta provoca uma concentração dos elementos químicos, favorece o processo de concentração das algas, como se fosse uma ´sopa de algas´. Quando há cheias, verifica-se uma melhoria da água que se renova", frisou.

O estado trófico é um processo normalmente provocado pelo homem e também de ordem natural, mas, neste caso, em uma escala de cerca de 500 anos. Tem como princípio básico a gradativa concentração de matéria orgânica acumulada nos ambientes aquáticos. "Quando se constrói os açudes não é feito o desmatamento e a vegetação se decompõe liberando nutrientes e acelerando o processo de eutrofização", explica Sandra Santaella.

Os fatores que contribuem para a crescente taxa de poluição nos reservatórios são os dejetos domésticos (esgoto), fertilizantes agrícolas e efluentes industriais, diretamente despejados nos rios, lagoas e açudes. A quantidade excessiva de minerais (fósforo e nitrogênio) induz a multiplicação de micro-organismos (as algas) que habitam a superfície da água, formando uma camada densa, impedindo a penetração da luz.

Com reduzida penetração da luminosidade ocorre a queda da taxa fotossintética nas camadas inferiores, ocasionando o déficit de oxigênio suficiente para atender a demanda respiratória dos organismos aeróbios (os peixes). Nesse quadro, não conseguem sobreviver, aumentando ainda mais o teor de matéria orgânica no meio.

A consequência é a elevação do número de agentes decompositores (bactérias anaeróbias facultativas), atuando na degradação da matéria morta, liberando toxinas que agravam ainda mais a situação dos ambientes afetados, comprometendo toda a cadeia alimentar, além de alterar a qualidade da água, também imprópria ao consumo humano.



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