Um ano depois de ter deixado o Governo do Estado, o senhor está fazendo hoje o quê?
Cuidando de coisas particulares. Digo sempre que quem tem vocação para vida pública não precisa de mandato para exercitá-la. Tenho visitado pessoas, lugares. Oficialmente, cuidando de coisas pessoais.
Em dezembro de 2014, em entrevista ao Diário do Nordeste, o senhor vaticinou momentos difíceis para o Governo Dilma Rousseff, com a eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara Federal. 2015 foi muito difícil para a política e economia nacionais. O que aconteceu foi além ou aquém?
É claro que não temos bola de cristal. Eu percebia, embora não tivesse informações privilegiadas de que ele (Eduardo Cunha) tinha conta A, B, C, D, E, F na Suíça. Mas a gente que está na vida pública acaba tendo informações sobre as pessoas. Eu sabia por muitos interlocutores que o estilo de atuação dele era da chantagem, da ousadia, do cinismo. Essa era a forma de ele conduzir a vida pública. À época (da entrevista) eu disse que se o Eduardo Cunha fosse eleito presidente da Câmara, a Dilma teria 70% da sua força executiva reduzida. E acho que ela acabou escapando (do impeachment) por pouco. Creio que esse tema impeachment está superado, pelo menos das informações que temos. Essa questão das pedaladas está superada. Há males que vêm para o bem. Se fosse outro na presidência (da Câmara), alguém honrado, alguém digno, ela não teria escapado. Esse porta estandarte do impeachment, com esse passado? As pessoas começaram a colocar um pé atrás, e a própria condição do vice (Michel Temer) tira esse entusiasmo das pessoas quanto ao impeachment. O presidente da Câmara, para mim, é um zumbi, um morto vivo.