Após assistir alguns vídeos sobre iniciativas envolvendo geladeira solidárias
pelo mundo e pelo Brasil, a cerimonialista cearense Cecília Rocha, de 30 anos, decidiu
que era hora de colocar a ideia em prática no Crato, na região do Cariri.
Com a ajuda do marido Breno Rocha, de 33 anos, Cecília implantou a primeira geladeira
solidária do estado, sendo a segunda do Nordeste, segundo a dupla. “Nós identificamos
que no Nordeste só tem uma iniciativa dessas na Bahia”, aponta Breno. A geladeira
fica numa calçada do Bairro Pimenta, localidade que mistura residências e espaços comerciais.
Segundo o casal, a iniciativa tem dois propósitos: o primeiro é alimentar quem não tem
condições de pagar por alimentos e água no momento. Isso quer dizer que a iniciativa
não visa apenas pessoas em estado de extrema pobreza, mas, também, pessoas que não
dispõem de dinheiro na ocasião.
“A ideia tem esse cunho social, mas não quer dizer que é feita, necessariamente, para
pessoas que têm necessidades especiais. Pessoas que estejam momentaneamente
sem dinheiro para comprar um lanche ou uma água também podem se utilizar
da geladeira. Esperamos que as pessoas entendam e se solidarizem em cooperar”, explica Breno.
O segundo propósito é promover o evangelismo por meio das mensagens bíblicas
deixadas no exterior da geladeira. “Deus tocou o coração da Cecília para que
ela colocasse o projeto para frente, e é nosso desejo que o amor de Deus seja difundido
pela nossa cidade que é tão religiosa”.
O casal se diz surpreso com a repercussão do ato que teve início na
última terça-feira (24) e já viralizou no Facebook. “Em menos de um dia o
post teve mais de 500 compartilhamentos e, o melhor, a geladeira já esteve lotada três
vezes e já esvaziou três vezes”, destaca o fotógrafo, animado.
“A ideia tem esse cunho social, mas não quer dizer que é feita, necessariamente, para
pessoas que têm necessidades especiais”. (Breno Rocha)
Para Cecília e Breno, as conquistas têm um gostinho ainda melhor, já que a ideia passou
por fortes críticas antes de se tornar realidade. “As pessoas falavam que não ia dar certo,
que iam roubar a geladeira, que iam colocar bebidas alcoólicas dentro ou que iam pegar
toda a comida de uma vez. Mas nada disso aconteceu, e hoje estamos recebendo apenas
mensagens de esperança e elogios”.
O sucesso é tanto que a iniciativa tem contagiado outras pessoas da cidade.
“Uma moça que trabalha numa rádio da cidade falou com a gente e, emocionada, nos disse
que planeja viabilizar outras geladeiras para outros bairros da cidade. É isso que queremos, que
boas ações se multipliquem e as pessoas se levantem em torno desse tipo de ação”, finaliza Breno.