segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Registros de maus-tratos dobram na pandemia e Ceará tem média 85 casos por mês

Os crimes de maus-tratos contra animais domésticos e silvestres no Estado passaram de 455 ocorrências, entre janeiro e agosto de 2020, para 681 registros nos oito primeiros meses deste ano: aumento de 49,67%. Demanda ampliada durante a pandemia mostra que esse tipo de ocorrência mais que triplicou no Ceará quando comparado ao mesmo período de 2019 - quando foram 205 casos.

Os registros são com base no Artigo 32 da Lei nº 9.605 relacionado a praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. As informações são da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS).

“Sem dúvidas, aumentou muito a quantidade de animais na rua, alguns porque o tutor morreu, outros porque perderam emprego e isso são motivos de animais na rua. O que já estava fora de controle agora se tornou mais complexo”, define a empresária e voluntária da causa ambiental Gabriela Moreira, de 53 anos.

O agravo do cenário faz parte da piora nos indicadores econômicos e sociais causados pelo coronavírus, como avalia Laura Xavier, membro da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB-CE. “Pode ter ligação com a pandemia e toda a crise que o país vem enfrentando, mas nós não caracterizamos maus-tratos só pelas agressões: quando se deixa o animal passando fome ou não se oferta condições para o animal viver com o mínimo de conforto também é agressão”, frisa.

Gabriela se dedica há mais de 10 anos ao salvamento de animais e nos últimos quatro anos esteve à frente da ONG Deixa Viver para o resgate, tratamento, castração e adoção de animais que se encontram em situação de abandono. “Auxiliamos nas denúncias e atuamos no Parque do Cocó fazendo a castração de animais, com minha filha e o auxílio de alguns protetores também fazemos eventos de adoção”, completa.

A voluntária destaca a relevância das denúncias para mudar a situação de violência contra animais no Estado. “Uma coisa que eu percebo com muito gritante é que os vizinhos percebem maus-tratos e não denunciam por medo, mas a denúncia pode ser anônima. Muitos tutores vão embora e deixam os animais fora e isso precisa de uma punição”, ressalta.


Com informações do Diário do Noreste.