quinta-feira, 23 de setembro de 2021

'Sou filha única, preciso dessa legião de irmãos espalhados por aí', convoca repórter cearense Marina Alves

Antes, o sol nascia em qualquer ponto da cidade, entre congestionamentos, vias esburacadas e filas de vacinação, na correria que o jornalismo pede. Hoje, a primeira luz do dia entra nos olhos da repórter Marina Alves, 32, pela janela do quarto do hospital, onde ela permanece para tratamento de um linfoma.

O vai e vem dos carros na rua, ora intenso, ora calmo, aliás, é uma metáfora de como têm sido os últimos 30 dias para a jornalista, entre descobertas e procedimentos médicos. “Tô com medo e angustiada, porque nem tudo depende de mim, mas confiante e serena”, é como ela se descreve.


Em entrevista ao Diário do Nordeste, a repórter da TV Verdes Mares, conhecida e apreciada pelo público pelo profissionalismo mesclado à irreverência, afirma que a corrente de solidariedade que se formou para doação de sangue e para cadastros no banco de medula óssea tem tornado os dias mais leves, na medida do possível.

Sempre tentei fazer boas relações, e agora vejo que esse é o caminho. Gente que nunca vi na vida, que só me viu na TV, está saindo de casa, indo se cadastrar, doar, me mandando mensagem de carinho. Isso acabou confortando mais o coração.

Marina Alves

Jornalista

Desde que foi diagnosticada com câncer, Marina iniciou a bateria de exames e tratamentos, que incluem oito ciclos de quimioterapia e transfusões de sangue. A cura para o linfoma, porém, só será possível por meio de um transplante de medula óssea.

A chance de achar um doador compatível é de 30% entre irmãos, e “muito menor quando se busca entre não-aparentados”, conforme o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Marina, como filha única, deve receber a doação de quem nem conhece.

Eu dependo de alguém que ainda não sei quem é. Não tenho irmãos, então preciso dessa legião de irmãos espalhados por aí.

“É UM PROPÓSITO DE VIDA”

Antes de ela mesma precisar da ampliação dessa rede de solidariedade, Marina já fazia parte dela. Uma das primeiras aparições na televisão foi num momento de doação de sangue, durante campanha do Hemoce.

“Hoje, acho que o que tô passando é um propósito de vida, uma missão. Tinha que ser alguém que conseguisse alavancar o número de cadastros no Redome, que conseguisse encontrar um doador pra muita gente”, acredita.

Com informações do Diário do Nordeste.