sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Estudo cearense sobre coronavirus ganha reconhecimento internacional

Pesquisas no mundo todo buscam tratamentos para a Covid-19 (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Foto Tânia Rêgo/Agência Brasil
O artigo "Sintomas Clínicos Recorrentes de Covid-19 em Profissionais da Saúde: Uma Série de Casos no Brasil" foi destaque internacional no site Covid Reference - plataforma que reúne debates e publicações científicas sobre o novo coronavírus. Realizado por pesquisadores cearenses ligados à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), o estudo analisa casos de reincidência da Covid-19 em profissionais de saúde na linha de frente contra a doença.

A produção foi a primeira brasileira a relatar sintomas clínicos recorrentes do novo coronavírus. Entre os autores, Christianne Takeda, diretora clínica do Hospital São José; Magda de Almeida, secretária executiva de Vigilância e Regulação da Sesa; e Ricristhi Gonçalves de Aguiar Gomes, coordenadora da Vigilância Epidemiológica e Prevenção da Sesa. Ao quadro ainda somam-se os pesquisadores Keny Colares, infectologista do Hospital São José (HSJ), unidade da rede estadual; Tatiana Cisne Souza, orientadora da Célula de Informação e Resposta às Emergências em Saúde Pública da Sesa; Matheus Alves de Lima Mota, da Faculdade de Medicina da Universidade de Fortaleza (Unifor); e Luciano Pamplona, do Curso de Medicina do Centro Universitário Christus.

Os casos relatados apresentaram início dos sintomas entre os dias 16 de março de 2020 e 9 de abril de 2020, período onde os índices da doença seguiam em crescimento na região. Os avaliados têm a média de idade de 43 anos e o tempo decorrido entre o início dos sintomas nos dois episódios variou entre 53 a 70 dias.

Os pacientes reapresentaram alguns dos sintomas da doença, como febre, mialgia, dor de garganta e tosse. Ao realizar o teste RT-PCR nos enfermos, alguns deles apresentaram diagnóstico positivo em fevereiro de 2020: quatro dos pacientes relatados que receberam alta após dois testes negativos de RT-PCR reverteram-se para positivos 5 a 13 dias após a alta hospitalar.

Conforme explica uma das autoras, Christianne Takeda, a pesquisa é apenas o primeiro passo para alcançar novas descobertas. Isso porque antes de afirmar resultados relacionados a Sars-CoV-2, diversos estudos como o do artigo precisam ser consolidados, testados e reafirmados novamente: tudo com o intuito de articular resoluções rápidas e que atendam a população diante da emergência que vivemos.

Ainda em julho, os resultados preliminares do mesmo estudo resultaram em uma nota técnica da pasta. Desde então, novas análises foram observadas, outros casos consolidados e o resultado final encontra-se no estudo publicado em setembro.

Segundo a autora, a suspeita atual é de reinfecção do vírus. Mas como mais estudos precisam ser realizados sobre os casos citados, usa-se então o termo recorrência. Com o reconhecimento, as conclusões podem ser o início de novas evidenciações relacionadas a atuação desse e de outros vírus no organismo humano.

Christianne alerta que não há comprovação científica até o momento de pacientes que se reinfectaram com o novo coronavírus. Os casos seguem sendo estudados pela equipe junto à Sesa.

"Quando você aponta isso para a comunidade médica, você aponta para que as pessoas comecem a prestar mais atenção no que estar acontecendo. Quanto mais estudarmos, melhor iremos compreendê-lo", cita. Uma das conclusões obtidas da pesquisa, inclusive, é de que os pacientes devem seguir em observação mesmo após a alta hospitalar.

"A maioria dos casos é exatamente como estamos vendo: são casos mais leves ou que se recuperam rapidamente. O que estamos estudando é um pouco fora da linha, e as pessoas devem ficar calmas", cita.

Com informações do O Povo.