Para o vice-presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado do Ceará (Sincodiv)/Fenabrave-CE, Lewton Monteiro, o resultado expressivo reflete uma demanda que estava reprimida durante o período de isolamento social, mas leva em conta também emplacamentos que deveriam ter sido realizados em maio e não foram por conta do funcionamento reduzido do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE).
"Temos o fator aumento nas vendas, mas esse número também reflete veículos que foram vendidos em maio e emplacados em junho por esse delay do Detran-CE", afirma.
O comércio na cadeia automotiva foi liberado ainda na fase 1 do Plano de Retomada Responsável das Atividades Econômicas e Comportamentais no Ceará, mas Monteiro avalia que a reabertura não foi o único impulsionador das vendas. No contexto do isolamento social, esses negócios tiveram que fortalecer seus canais online e, com o vírus ainda circulando, clientes apostaram na pesquisa de opções de automóvel e usaram o tempo para começar as negociações.
"As concessionárias tiveram que se reinventar com os negócios online. É uma lição que a gente tira desse momento, que forçou as concessionárias a desenvolverem essas negociações online e tá funcionando muito bem", diz.
Ele também reforça que o número de vendas em maio foi pequeno, o que contribui para que o resultado de junho represente uma forte alta na comparação mensal. Na comparação entre junho deste ano contra igual período de 2019 - quando os emplacamentos haviam somado 4.419 no Ceará -, as vendas do segmento auto e comercial leve caíram quase 50%.
"Se a gente olhar para junho ante igual mês do ano passado, a gente tem uma queda acentuada. A gente conseguiu emplacar em junho deste ano 50% do que emplacamos em junho do ano passado", pontua Lewton Monteiro.
No primeiro semestre deste ano, as vendas de automóveis e de comerciais leves somaram 14,3 mil unidades, queda de 43,1% na comparação com igual período de 2019, quando foram emplacados 25,2 mil veículos do segmento.
Fortaleza
O levantamento da Fenabrave também detalha a venda de veículos na Capital. No mês de junho, foram 1.503 emplacamentos de automóveis e comerciais leves, crescimento de 173% na comparação com maio, quando foram 550 veículos emplacados.
Na comparação com junho de 2019, quando foram 2.914 emplacamentos, houve queda de 48,4% em Fortaleza.
Caminhões
Um dos destaques observados nos resultados de vendas de veículos novos em junho são os caminhões. No Ceará, 196 unidades foram emplacadas, crescimento de 237,9% na comparação com maio, quando foram efetuados apenas 58 emplacamentos no Estado.
Ao contrário do segmento de automóveis e comerciais leves, as vendas de caminhões não cresceram apenas na comparação mensal. Ante o mês de junho do ano passado, quando foram comercializadas 138 unidades no Estado, houve crescimento de 42%.
"As vendas de caminhões se destacaram no Brasil e no Ceará mais ainda. Isso é um fator claro da retomada da economia. Nós tínhamos uma perspectiva maravilhosa no pré-coronavírus. Nós esperávamos um resultado bem acima antes do coronavírus, mas ainda é um crescimento expressivo", diz Monteiro.
No acumulado de janeiro a junho, porém, as vendas de caminhões caíram 5,8% no ano ao contabilizar 698 emplacamentos no Ceará frente a 741 emplacamentos em igual período de 2019.
Além dos caminhões, o segmento de implementos rodoviários também apresentou crescimento na comparação com igual período de 2019: um avanço de 39,2% em junho deste ano (110 emplacamentos) ante junho do ano passado. Em relação a maio, a alta foi de 223,5%. Os implementos rodoviários são os pequenos reboques para lanchas e quadriciclos e animais.
Na avaliação de Monteiro, o mercado deve continuar reagindo "de forma gradual e consistente", já que o novo coronavírus deve provocar uma mudança de comportamento no consumidor. "As pessoas estão com medo de multidões. Com a pandemia, elas preferem estar sozinhas, nos seus próprios transportes".
É o que também avalia o Sindicato dos Revendedores de Veículos Automotores do Estado do Ceará (Sindivel-CE). "Algumas pessoas estão evitando o transporte compartilhado por questão de segurança e isso tem contribuído para reaquecer o setor", explica Everton Fernandes, presidente da entidade.
Além disso, ele acredita, em relação à revenda, que a crise econômica provocada pela pandemia fez uma parte da população trocar de carro para um modelo mais barato.
De acordo com ele, a estimativa é que as vendas de seminovos em junho tenham caído 30% na comparação com igual período do ano passado.
O presidente do Sindivel-CE acredita que a pandemia fez com que as revendedoras fortalecessem o contato com o consumidor nos canais online, mas lamenta que a crise tenha dificultado o acesso aos financiamentos. "Por um lado temos a taxa básica de juros em baixa, mas em função das incertezas, os bancos estão se tornando mais restritivos na oferta de crédito", detalha Everton Fernandes.
"Eu acredito que a situação agora está um pouco mais clara para o nosso setor ante outros mercados. Se a gente for avaliar a conjuntura, estamos bem posicionados", arremata o presidente do Sindivel-CE.
Brasil
No País, os emplacamentos de automóveis e comerciais leves somaram 122,7 mil em junho, crescimento de 117% na comparação com maio deste ano e queda de 42,4% em relação ao mês de junho do ano passado.
Assim como foi observado no Ceará, a venda de caminhões cresceu: foram 8,7 mil emplacamentos, crescimento de 85% ante maio e alta de 12,2% na comparação com igual período de 2019.
A Fenabrave prevê uma retração nas vendas de 37% no País em 2020. "No Ceará, a gente tem um otimismo de que encolherá um pouco menos", diz Monteiro.
Com informações do Diário do Nordeste.