sábado, 19 de outubro de 2019

Com sabor de tradição e ingredientes diversificados, padeiros de Fortaleza se destacam pela produção artesanal


Nada como um pãozinho quente com café para começar o dia. Seja pela manhã ou no lanche da tarde, o alimento é presença constante nas mesas dos brasileiros. Com poucos ingredientes, a alquimia na cozinha se transforma nessa popular iguaria que, inclusive, ganhou uma data especial: 16 de outubro, quando é comemorado o Dia Mundial do Pão.

Padarias em Fortaleza buscam resgatar o modo de fazer pão dos antepassados ao pautar-se em uma produção artesanal e utilizar ingredientes e a fermentação natural. A jornalista Kerla Alencar transformou o estilo de vida em negócio a partir da Pequena Padaria Caseira, em 2013. Com o hábito de fazer o próprio alimento, amigos próximos começaram a fazer pedidos e, do hobby, veio a nova profissão. Para se aperfeiçoar, Kerla estudou e fez cursos na área.

Todos os pães de Kerla são feitos na cozinha da própria casa, com farinha de trigo integral e levain, fermento natural, para ser mais nutritivo. "Eu gosto de produzir num ambiente mais caseiro mesmo e de fazer um pão que eu comeria, usando somente ingredientes naturais e também em menor escala", conta.

O mais vendido da lista é o pão de forma, bastante consumido no dia a dia, podendo ser elaborado com aveia e mel, multigrãos e ervas finas. O cardápio é formado ainda por bolos, panetones e brownies e conta com opções veganas e sem lactose. Para aproximar a panificação da cultura alimentar nordestina, Kerla usa ainda ingredientes típicos regionais, a exemplo de rapadura, caldo de cana e semente de caju.
 
Receita de família

"Pães artesanais feitos por uma guria lá do Sul, que trouxe na bagagem muitas receitas deliciosas de pães e cucas", é assim que Scheila Pires descreve sua arte, como carinhosamente define a panificação. No Pão da Guria, a padeira usa uma receita familiar para produzir o pão que vem fazendo sucesso. O negócio começou a partir da introdução alimentar da sua filha Beatriz, de 3 anos. "Eu não queria que ela comesse nada industrializado e aí eu fui fazer o pão. Os vizinhos do condomínio sentiram o cheiro e começaram a fazer pedidos", lembra.

Crocante por fora e macio por dentro, assim é o pão rústico de Scheila. Apreciado ainda quentinho, o sabor fica mais apurado. Com diversas propostas de recheio, o destaque vai para o de salaminho italiano e queijo parmesão. O tempo de preparo pode chegar até 18 horas, especialmente por conta da fermentação, feita com dois dias de antecedência.

As vendas são somente por encomendas para que não haja desperdícios ou estrago dos alimentos e ingredientes e precisam ser feitas com até 24 horas de antecedência. O cardápio traz ainda pães de ervas, provençais, australianos, entre outros.
 
Fora da tradição

Na mesma proposta, surge a Grão D'Alino que, há três anos, produz as fornadas de pães respeitando os processos naturais e usando farinha orgânica. Saindo do convencional, a padaria abre somente no período da tarde e não faz o famoso pão francês. O consumidor pode comprar a pronta entrega e sob encomenda.

Diariamente, uma fornada diferente é lançada nas redes sociais para fornecer opções variadas aos clientes. Entre o catálogo dos mais tradicionais estão a baguete, o italiano e a focaccia. O integral multigrãos é bastante pedido e pode ser acompanhado de cafezinho ou ser servido com patês, indicação da casa. Outro destaque do local são os croissants.

"A gente tem uma linha também de folhados, que é um processo que estamos buscando resgatar. Aqui em Fortaleza não se comia um croissant que não fosse feito com manteiga. Na Grão D'Alino, usamos farinha italiana e uma manteiga francesa", explica Cassius Coelho, padeiro da casa.

A proposta da padaria é também integrar as pessoas com restrições alimentares ao produzir determinados pães sem utilizar proteína animal, derivados de leite e glúten, além de apresentar opções com baixos índices de carboidrato.
Sabor regional

Apaixonada pela panificação e formada em Gastronomia, Neiva Ferreira produz os pães na cozinha de casa com ajuda da mãe. "Comecei fazendo panetone, fui pegando encomenda, e passei a fazer os pães", conta sobre como surgiu a Neiva Fé. Para ela, a atividade traz paz.

Neiva também busca colocar sabores regionais na sua produção. De acordo com ela, o pão mais pedido é o de jerimum e o de castanha-de-caju. Além deles, há também o de macaxeira ou de coco com queijo coalho. Sem aditivos ou conservantes, a textura macia agrada o paladar.

Apesar de ter um cardápio fixo, Neiva está sempre tentando inovar e inventa sabores diferentes, como o pão de capuccino. Uma verdadeira delícia para quem aprecia a boa mesa!

Com informações do Diário do Nordeste.