sexta-feira, 23 de junho de 2017

50 Dias: Maratonista faz caminhada do Rio de Janeiro ao Ceará; destino Santa Quitéria

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Iguatu. Há um provérbio chinês que diz ‘uma caminhada de mil léguas começa sempre com o primeiro passo’. Essa frase com certeza influenciou a vida do maratonista, Cícero Damasceno, 56 anos, que saiu do Rio de Janeiro no último dia 1º de maio com a meta de chegar no próximo dia 24, quando se comemora São João, em sua terra natal, Santa Quitéria, no Norte do Ceará.

Entre o Rio de Janeiro e o Ceará serão percorridos 2776 km em 50 dias. O maratonista chegou ao Estado pela região do Cariri e recentemente passou por esta cidade, na região Centro-Sul do Ceará. A caminhada continua firme pelo Sertão Central em direção à região Norte. “É um desafio prazeroso que será vencido”, disse Damasceno, que repetiu o gesto de plantar um ipê em uma praça da cidade.

Há mais de 30 anos participando de eventos esportivos, o maratonista cearense que mora no Rio de Janeiro disse que perdeu a conta de quantas competições já participou. Em todas elas, ficou conhecido por distribuir rapadura, uma iguaria típica do sertão nordestino, feita à base de cana-de-açúcar, e de usar sempre uma Bandeira do Brasil sobre o corpo, por inspiração do ídolo do automobilismo, Airton Senna.

Decisão

“No dia 1º de maio de 1994, eu estava participando de uma corrida em comemoração ao Dia do Trabalhador, quando cheguei em casa soube da notícia na televisão que abalou a todos nós, a morte de Airton Senna. “Além da bandeira, uso também uma foto do nosso campeão”, pontuou. Até agora, o amuleto tem dado sorte e uma espécie de proteção que ele precisa nas disputas esportivas e nas longas caminhadas por rodovias e cidades.

A ideia de percorrer quase três mil quilômetros entre o Rio de Janeiro e o Ceará foi planejada há cinco anos. “O objetivo é mostrar ao povo brasileiro que não importam as dificuldades que apareçam em nossas vidas, sempre há uma saída, e temos de enfrentar desafios”, afirmou. “Estou desafiando a mim próprio e ao mesmo tempo representando aqueles que possuem limitação”.

Ao chegar a esta cidade, o maratonista cearense atingiu a marca de 41 dias de percurso. Para auxiliá-lo parente e amigos têm se mobilizado nas redes sociais com o objetivo de arrecadar fundos para a alimentação, hidratação, dormitório e um veículo tipo trailer de apoio. “Encontrei um sobrinho, servidor público que mora aqui”, disse surpreso.

Casado, pai de um filho, o maratonista trabalha no Rio de Janeiro em uma empresa de construção civil. De óculos escuros, chapéu de palha feito no Nordeste, Cícero Damasceno foi recebido com atenção, carinho e curiosidade por moradores, na Praça Gonçalves de Carvalho (Caixa Econômica) no centro comercial. Muitos se aproximaram para tirar fotos, selfies e até conversar um pouco sobre a longa travessia a pé desde a cidade Maravilhosa.

Durante o percurso, houve dissabores. “Fiz amigos, ouvi muitas histórias, interessantes, depoimentos de incentivos, muita gente acolhedora veio ao meu encontro, mas há aqueles que destratam a gente, chamam de louco”, contou. “Alguns mandaram jogar fora a bandeira, outros duvidaram da minha capacidade, mas são situações que não merecem minha atenção”.

Plantio de Ipê

A cada 50 km percorrido, Damasceno repete um gesto em defesa da natureza: planta um pé de ipê. O objetivo é conscientizar a população para a preservação da natureza. Em Iguatu, o cultivo foi feito em uma praça do centro. Na bagagem, são 60 pés de ipê. “Somos marcados neste mundo por aquilo que deixamos como legado”, disse. “Quem sabe eu não seja lembrado por aquele que um dia plantou uma árvore e deixou uma sombra fresca, e que veio caminhando bem de longe”.


Fonte Diário do Nordeste