sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Fortaleza é a 3º capital do nordeste em crimes contra mulher

violencia
Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, completou 10 anos em 2016

O primeiro relatório da pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher constatou que Fortaleza é a 3º capital nordestina no ranking de casos de violência doméstica. A capital cearense ficou atrás apenas de Salvador e Natal, respectivamente.

O trabalho é resultado de entrevistas feitas com 10 mil mulheres nos nove Estados do Nordeste, entre maio e junho de 2016. A pesquisa, considerada o maior estudo sobre o tema em toda a América Latina, é resultado de parceria entre Universidade Federal do Ceará (UFC), Instituto Maria da Penha e Instituto para Estudos Avançados de Toulouse (França). O estudo foi financiado pela Secretaria Especial de Políticas paras as Mulheres (Ministério da Justiça do Brasil) e empresas privadas.

“Alguns dados eram esperados, mas outros foram surpreendentes. Entre eles, chamou atenção o dado de que 87% de mulheres que souberam de agressões sofridas pelas respectivas mães durante a infância também presenciaram o crime (viu e ouviu), as agressões físicas sofridas pela mãe. Ainda mais grave é o fato de que 10,5% das entrevistadas reportaram que seus respectivos parceiros ou ex-parceiros haviam sido agredidos pelo menos uma vez durante a infância por familiares (pais e outros familiares)”, destaca o coordenador da pesquisa, professor José Raimundo Carvalho, do Programa de Pós-Graduação em Economia (Caen) da UFC.

O estudo mede três dimensões da violência contra mulher estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS): emocional, sexual e física. De acordo com os dados divulgados, a exposição à violência doméstica não se restringe somente à fase adulta em que a mulher possui um parceiro, mas pode ocorrer também muito cedo na vida. Por exemplo, a exposição direta ou indireta à violência domestica durante a infância. Neste caso, a violência pela mãe, a qual pode ser estendida à criança, configura-se na forma direta de exposição. A maneira indireta ocorre quando a criança testemunha as agressões físicas sofridas pela mãe, caracterizando-se numa forma de violência emocional.

“A pesquisa destaca ainda que ex-parceiros podem ser tão ou mais violentos em fim de relacionamentos, geralmente encerrado pela mulher. O que mostra um espectro mais ampliado do atual quadro de violência contra a mulher. Considerando a violência emocional, observa-se que mais de 27% de todas as mulheres com idades entre 15 e 49 anos já foram vítimas de violência doméstica ao longo da vida”, afirma o professor José Raimundo Carvalho.




Fonte Diário do Nordeste