quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Em Chapecó, mais de 20 mil pessoas prestam homenagem às vítimas na Arena Condá

Um vídeo homenageando todas as vítimas do desastre aéreo foi exibido em um telão. Depois, sincronizada por uma contagem regressiva, a torcida entoou o grito de "é campeão", "é campeão". ( AFP )



 
No horário em que a Chapecoense deveria estar prestes a disputar o jogo mais importante da sua história, nesta quarta-feira, as luzes da Arena Condá, em Chapecó (SC), diminuíram de intensidade. Imediatamente, os mais de 20 mil torcedores presentes começaram a entoar o hino do clube. Sinalizadores verdes iluminaram o local. O ambiente era aquele que deveria ser: o de final de campeonato.

No gramado, o mascote do clube, o índio guerreiro, tentava acompanhar a alegria da arquibancada, mas dentro da fantasia um homem chorava. Cleiton Dona, de 37 anos, vive de interpretar o mascote do time há 5 anos. "Hoje (quarta-feira) a gente tenta, mas não dá. É preciso de força, mas agora é difícil", disse Cleiton sem tirar a fantasia.

Às 21h15, o minuto de silêncio foi respeitado por todos no estádio. Depois, crianças entraram com o uniforme do time; na sequência, ex-jogadores se juntaram a familiares das vítimas (Fabiano, que hoje está no Palmeiras, era um dos mais emocionados).

A cerimônia foi rápida, mas intensa. Dois pastores e o padre Igor, famoso torcedor da Chapecoense, falaram rapidamente. Foram palavras de consolo e força - para os torcedores e para a cidade. "O que se vivia era um sentimento fraternal de família", lembrava o padre. O religioso fez com que o estádio inteiro repetisse o Pai Nosso em coro. Nas arquibancadas, muita gente foi às lágrimas nesse momento. "Acendam os seus celulares agora. À luz que vocês estão vendo é a luz de Deus no meio de nós", falou o padre Igor.

Minutos antes do horário daquele que seria o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana, um grupo de ex-jogadores, atletas da base e dirigentes do clube deram a volta olímpica na Arena Condá. A torcida emocionada acompanhou como se estivessem ali os campeões.

Um vídeo homenageando todas as vítimas do desastre aéreo foi exibido em um telão. Depois, sincronizada por uma contagem regressiva, a torcida entoou o grito de "é campeão", "é campeão".

Mesmo após a cerimônia, os torcedores permaneceram no estádio. Ninguém queria ir embora e perder aquele momento. "Eu vou acampar no estádio até os corpos chegarem. Fico aqui o tempo que for preciso", disse Cristiano William Filho, de 19 anos, membro da Torcida Jovem da Chapecoense.

"Isso aqui é uma família. Foi como assistir uma celebração em família. Minha vontade é abraçar todo mundo. Aliás, todo mundo aqui está se sentindo abraçado", falou a professora universitária Mariângela Torres, de 59 anos. "Nessa hora, era pra gente estar vendo o jogo", completou o torcedor Aníbal Ferreira, de 48. "Por isso, não quero ir embora desse estádio. Vou ficar aqui como se estivesse assistindo o jogo do meu time", afirmou.
 
 
 
 
Fonte Diário do Nordeste