domingo, 28 de agosto de 2016

Ofício das rezadeiras resiste mesmo com avanço da Medicina

A professora Juliana Nara Cavalcante, 28, tem quatro filhos e todos eles, algum dia, já foram para uma das quase dez rezadeiras que ainda vivem no município de Banabuiú, na região central cearense. "Uma vez, a minha filha mais velha começou a vomitar e ficar com o corpo mole. Não tinha nenhuma reação. Minha irmã se desesperou dizendo que ela iria morrer. Eu levei para avó do meu esposo. Ela rezou duas vezes e a menina saiu de lá andando", relata a professora.

A medicina evoluiu, as técnicas de tratamento são outras e a modernidade do novo século trouxe novas formas de combater doenças em tempos recordes. Mas levar o filho para uma rezadeira é um hábito que permanece vivo na cultura do cearense, principalmente em cidades do interior, onde a tradição é ainda mais forte.

Quixadá, Boa Viagem, Quixeramobim e Canindé, são exemplos de cidades que ainda concentram um grande número de mulheres com esta habilidade. Muitas são reservadas. Outras estão com idade tão avançada que mal conseguem falar. Mas ainda rezam.

Quebranto

Em Banabuiú, a prática de levar um filho para "tirar o quebranto", sobrevive desde o tempo em que a cidade foi emancipada. No fim da tarde, é comum vê-las nas calçadas, sentadas em cadeiras de balanço, segurando um ramo de alguma planta. Tem sempre uma delas impondo a mão sobre uma criança, deslizando folhas sobre a face dos pequenos e fazendo orações em profunda reflexão. Mariluza Lobo Pinheiro é uma das mais emblemáticas da cidade. Com 74 anos, ela exerce a atividade para tratar de problemas como torções, rompimento de nervos no pescoço e para eliminar sintomas do mau olhado, conhecido como quebranto.

"Uma vez, a menina chegou quase morta. Eu fiz meus pedidos a Deus e ela acordou. Tem vez que uma só oração dá certo. Noutras ocasiões, é preciso orar três vezes", explica. Com essa espiritualidade, Mariluza tem mais de 30. A intuição foi passada pelo pai quando estava prestes a morrer. "Faço isso até hoje, em qualquer pessoa" , disse.


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