terça-feira, 26 de julho de 2016

Um ano depois, nove suspeitos viram réus e irão a júri popular por linchamento no Maranhão

Cleidenilson chegou a ser amarrado a um poste (Foto: Biné Moraes)


Contra o justiçamento, a Justiça. Acusados de participar do linchamento de Cleidenilson Pereira da Silva, brutalmente assassinado, aos 29 anos, após tentar roubar um bar em São Luis, no Maranhão, nove réus irão a júri popular pelo crime, ocorrido em julho de 2015. Eles respondem por homicídio duplamente qualificado — por meio cruel e sem chance de defesa — e pela tentativa de homicídio contra o menor de 17 anos que acompanhava o assaltante. A pena, em caso de condenação máxima, pode chegar a 30 anos de prisão.

Até que a denúncia do Ministério Público fosse aceita pela Justiça do Maranhão, no dia 7 de junho, passaram-se 11 meses da sessão de espancamento, durante a qual Cleidenilson chegou a ser amarrado a um poste. Em sua decisão, o juiz Gilberto de Moura Lima, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, afirma que “os indícios de autoria se encontram demonstrados pelo depoimento das testemunhas”. O julgamento deve ocorrer ainda esse ano, depois que os réus forem pronunciados.

A denúncia do promotor Agamenon Batista de Almeida Júnior descreve a participação de cada um dos acusados no linchamento — veja ao lado. Entre eles, estão o dono do bar que sofreria o assalto e o filho do comerciante, além de dois dos três clientes presentes no momento em que Cleidenilson, armado, anunciou o roubo.

O texto de dez páginas frisa que, “impelidos por sentimento de vingança” após a tentativa de assalto, os envolvidos agiram “usurpando a função do Estado de julgar e de punir”. Já Cleidenilson e o adolescente, para o promotor, passaram de “de pretensos réus” a “vítimas da barbárie vingativa dos denunciados.”

Em contato com um dos advogados dos réus, o único localizado, Donaldson dos Santos Castro, que representa Waldecir Figueiredo, Ivan Figueiredo e Elio Soares:

— Eu requeri, preliminarmente, a rejeição da denúncia, por não restar pormenorizada e provada a participação de cada um — afirmou o advogado.

 



Fonte EXTRA