sexta-feira, 6 de maio de 2016

Sem mobilidade nos pés e mãos, menina de 5 anos pinta quadros com a boca

Antes de qualquer impressão que você possa ter, ela dispara: “Eu sou muito espertinha”. E então você já pode entender um pouco quem é Luisa Hage Vieira, 5 anos. Desinibida, ela gosta de fazer mil perguntas, mas o seu talento ela revela com um pincel, que sustenta entre os dentes, já que ela não consegue mexer as articulações do corpo.
Com toda essa habilidade, ela escolhe a cor e mergulha o pincel no pote de tinta. Depois, começa a deslizar, com precisão sobre a tela, o pincel exatamente onde ela quer que aquela cor se encaixe com as outras.
Luísa já pintou mais de 100 telas desde que teve o primeiro encontro com a pintura, antes dos 2 anos. Todo acervo de Luisa estará exposto a partir do próximo dia 15, no Teatro Módulo. A exposição se chama “Luísa e a arte de vencer desafios” e será aberta às 16h.
Ela pode até parecer frágil, por causa da artrigripose que a impede de movimentar as articulações dos braços e das pernas, mas Luísa já deixou esse rótulo para trás. Cercada de suas telas, ela mostra quais gosta mais: Jardim de Borboletas, Formas Geométricas e Abstrato. “Eu gosto de pintar natureza, borboletas, abstrato, o sol, as árvores, as flores”, explica enquanto admira a própria arte.

A arte abstrata, como ela mesmo intitula, foi feita com a ajuda da avó. “Minha vó colocou as tintas para mim e depois eu passei com o rolo e ficou assim bonito. Aí depois tem o glitter também, porque eu gosto muito de ouro”, afirma.

As ideias para as telas de Luísa estão em todo lugar. “Em tudo que eu vejo e gosto, aí eu quero pintar”, explica. As borboletas que ilustram a maior parte de suas telas são vizinhas à sua escola. Até Bel Borba já serviu de inspiração para ela, quando viu a obra do artista em uma galeria no shopping. “Aí ela já chegou em casa querendo pintar”, conta Ivonete.

Ivonete conta que foi em uma sessão de terapia que Luísa descobriu a nova habilidade. “Deram pincéis e tintas para as crianças e ela gostou muito. A médica então me disse que eu deveria incentivar porque ela tinha uma habilidade que merceia ser desenvolvida. Aí comecei a comprar as tintas, dei muito hidrocor, e ela não parou mais”, lembra.

As primeiras telas eram sempre dadas de presente. “Todo aniversário que a gente ia, ela queria levar de presente para dar às pessoas. E todo mundo gostava. Aí me disseram que eu não deveria dar e sim vender, até mesmo para comprar mais material”, explica Ivonete.

Artrogripose é uma doença que provoca a rigidez nas articulações. A doença só foi descoberta após o nascimento de Luisa. Atualmente ela é acompanhada por uma equipe de especialistas e faz fisioterapia, pediatria e psicologia no Hospital Sarah.



Fonte IBahia