sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Seca no Nordeste deve prolongar cobrança extra nas contas de luz para 2016

(Foto: Diário do Nordeste)

 A permanente seca no Nordeste do Brasil, intensificada pelo fenômeno climático El Niño, aumenta as chances de ser preciso manter termelétricas ligadas ao longo de 2016, o que significa que os consumidores de energia continuariam pagando um adicional nas contas de luz para custear essa geração, mais cara.

Os reservatórios das hidrelétricas da região estão com 5,2 por cento da capacidade de armazenamento, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), com nível de 1,5 por cento na represa de Sobradinho. Em Três Marias, há 8,7 por cento da capacidade, e na usina Itaparica, 10,2 por cento.

"Sem dúvida nenhuma, as termelétricas, ao menos as do Nordeste, devem continuar a funcionar ainda por um tempo suficiente para que essa situação se resolva... tem que chover muito para recuperar, e essa chuva não está parecendo muito que vá ocorrer", afirmou à Reuters o ex-diretor do ONS, Carlos Ribeiro.

Atualmente, os consumidores têm sido cobrados pela bandeira tarifária vermelha, que representa um acréscimo de 4,50 reais a cada 100 kilowatts-hora; a cobrança extra é disparada quando há usinas térmicas em operação com custo acima de 388 reais por megawatt-hora.

Se a última térmica ligada tiver custo entre 200 e 388 reais por megawatt-hora, é acionada a bandeira amarela, que cobra 2,5 reais extras a cada 100 kilowatts-hora. A bandeira verde, que representa o retorno à tarifação normal, só é acionada quando estiverem desligadas todas térmicas com custo acima de 200 reais.

"Você vai ter que manter térmicas ligadas também para atender os momentos de pico de carga do sistema... e (a seca) que a gente vem observando deve continuar em 2016. Acho que não tem condição de termos bandeira verde tão cedo", afirmou o meteorologista da Climatempo Alexandre Nascimento.

Na visão de Ribeiro, ex-ONS e hoje diretor da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), um cenário otimista de chuvas poderia permitir passar à bandeira amarela, mas a necessidade de térmicas no Nordeste deve evitar o retorno à tarifação normal, da bandeira verde.

"Se houver uma afluência grande nas usinas do Sudeste, que dê uma garantia de abastecimento, você poderia desligar as térmicas de lá, as do Sul... mas não as do Nordeste", disse.
 
O consumidor brasileiro pagou 11 bilhões de reais extras entre janeiro e setembro deste ano devido ao acionamento da bandeira tarifária vermelha, segundo dados mais recentes da Agência Nacional de Energia Elétrica.

SUPRIMENTO SEM RISCO

Para Ribeiro, da ABCE, a situação do Nordeste "é crítica", mas não representa um risco de suprimento de energia.

"Não vejo problema porque existem ali as termelétricas, as eólicas, e existe o recebimento de energia de outras regiões, principalmente do Sudeste", apontou.





Fonte Reuters